2ª TEMPORADA DE ARCANE | CRÍTICA
Se tem algo que o legado de Arcane reafirma é como a Riot sabe contar histórias de forma maestral, encantando o público longínquo do universo gamer, e conquistando um novo alvo: os apaixonados por séries.
Se alimentando da rica fonte de lores de Runeterra, a 2ª temporada de Arcane fecha seu ciclo focando em alguns personagens já conhecidos pelo público, mas talvez, nem todos haviam chamado tanto a atenção das pessoas em game, como agora fazem. A história de Jinx, Vi, Vander, Caitlyn, Jayce, Viktor, Heimer, Ambessa, Mel, e tantos outros ganha um destino honroso e memorável que permeia aquele gosto doce de “preciso de mais”.
Uma construção sucinta, mas rica em detalhes de uma arte visual de tirar o fôlego com tantos frames coloridos e iluminados enriquecidos com uma trilha sonora impecável, diga-se de passagem. A Riot pode ter muito a aprimorar enquanto jogabilidade e ambientação saudável para a maior parte do público, mas se o ambiente tóxico, por vezes, nos afasta das plays, algo que sempre enriquece a famosa Liga das Lendas e nos traz de volta a esse universo lúdico é a magnificência das histórias construídas para tal universo ficcional.
Arcane ainda traz a oportunidade da reedificação das lores antigas, criando uma leitura que abrange tanto as memórias dos antigos apaixonados pelo game, quanto conquista o interesse dos novos públicos aos personagens. A 2ª temporada de Arcane acompanha o ritmo de onde a história parou na primeira. A tensão entre as duas regiões cresce e, pela primeira vez, Zaun enxerga em Jinx, uma figura de revolução e mudança por todos os anos de puro escárnio e desigualdade que viveram até então.
A coragem dos Zaunitas cresce alimentada por uma revolta de décadas guardada. Mas o cerne da questão se dá por diferentes conflitos consequentes de mal-entendidos e ganância milenar.
O destino das irmãs Powder e Violet se entrelaçam por uma conexão que vai além de sangue, e que mesmo depois de anos de afastamento e subsequentemente de conflitos, elas compreendem a impossibilidade de se odiarem, por mais que alguns erros sejam irreversíveis, a maldade não faz parte de quem elas são, e por mais que não sejam perfeitas, o ensinamento de Vander sobre a importância de a família permanecer unida.
Apesar do sucesso no encerramento de Arcane, os dezoito episódios de sua totalidade pareceram pouco perto do que sabemos que poderia ter sido desenvolvido se houvesse a oportunidade de mais episódios. Mais história? Talvez sim, mas já nos foi explicado que isso não ocorreu devido ao interesse da Riot e da Netflix de explorarem mais de Runeterra e outros personagens existentes desse universo. Porém, ficou a sensação da correria para explicar tanto que ficou pairando no ar.
Seria impossível dizer que a série é ruim ou mal explicada, pelo contrário, mas é dado a riqueza de história, detalhes e easter eggs que sabemos que a 2ª temporada de Arcane poderia ter se estendido um pouco mais, para a própria degustação dos usuários quanto a trama.
Tirando a sensação de correria para o seu encerramento, Arcane é sim impressionante como dizem, e apesar do descontentamento de alguns fãs do game com a aparência de Warwick, é compreensível a humanização do personagem, dado que a explicação de transição precisa ser feita para todos os públicos, mesmo que os jogadores de League of Legends já saibam disso. Dominar a paciência você deve, caro Padawan.
Enquanto Jinx parecia insana em jogo, Arcane explora a mentalidade genial de Powder que foi muito afetada ao longo dos anos por diferentes motivos. Seja pela toxicidade de Zaun, e principalmente do Sumidouro (onde Jinx passa a maior parte do tempo), tenha sido pela perda trágica de seus pais ainda muito jovem, todos os conflitos com Violet, a perda acidental de Vander, Mylo e Claggor, além de toda a manipulação de Silco e dos Barões da Química em cima da dor do abandono e do luto ainda muito vívidos por ela.
Deveras importante ressaltar como Viktor ganha espaço de protagonismo, refletindo um dilema muito presente na sociedade, no qual viver algumas ambições podem entrar em conflito com a perda da nossa própria essência. Arcane inclusive teve impactos tão grandes na figura responsável pelo clássico bordão: “A Gloriosa Evolução”, que ele ganhou destaque e rework in game. A complexidade fascinante de Viktor nos faz navegar pelos sentimentos de amor e ódio, por compreender suas motivações, assim como nos faz discordar com suas ações.
Como não mencionar a importância dramática de Vi, que apesar da imagem de durona, tem o maior coração da série e que mantém o sentimento de família até o fim. Existem tantos arcos importantes em Arcane, que seria quase um crime não mencionar personagem por personagem. A Ambessa, por exemplo, assume com qualificação o papel de uma grande vilã na trama, daquelas que odiamos e flertamos com seu ar arrogante e soberania diante os demais.
Mesmo a série tentando a todo momento dar palco para o genial e galante Jayce, que está sempre errando, mas tentando consertar suas falhas humanas em prol do bem maior, o grande herói de Arcane se chama Ekko. O menino genial da subferia que sempre visou o melhor para os Zaunitas, criando um refúgio em meio ao caos juntamente com os fogolumes e salvando a todos em meio ao exército hextec de Viktor que quase põe um fim na humanidade.
Ainda bem que a fofura do yordle Heimerdinger aposta todas as suas fichas na genialidade de Ekko, que mesmo em dimensões paralelas, ou em não realidades proverbiais que as dispersam no tempo, ainda assim, aparece no fim do dia para salvar Runeterra.
Pode-se dizer que a 2ª temporada de Arcane termina com a vontade de seguir assistindo ou reassistindo. Viveremos os próximos meses, talvez anos, a espera de uma continuação que promete nos fazer apaixonar pelo que a Riot tem de melhor a oferecer: história.
NOTA:
TRAILER:
Marcella Montanari
Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.