
AS DUAS FACES DO AMOR | RESENHA LITERÁRIA
As duas faces do amor chega docilmente em nossos braços, mas ao abrir as páginas nos demonstra que o amor continua sendo o sentimento mais avassalador na vida de uma pessoa, sendo capaz de nos fazer ir do céu ao inferno em segundos.
Quem diria que a jovem Nicole Machado de 14 anos, seria capaz de ensinar tanto àqueles que já se achavam tão sábios sobre o amor. Seus textos carregam profundidade e reflexões sinceras sobre como esse sentimento nos envolve e atinge todas as formas de quem somos.
Talvez você esteja se perguntando, assim como eu me perguntei, o que saberia essa (ainda) menina me dizer sobre o amor? E nosso salve engano é logo esclarecido quando a autora nos submerge e escala as camadas mais profundas de nossos corações com para falar sobre o assunto. Com uma sensibilidade aguçada, a escrita autêntica de Nicole revela um olhar romântico, ao mesmo tempo que não romantiza a perversidade que amar o outro pode-se evidenciar dentro de nós.
A coragem já estampada na capa com os dizeres: “Escrevendo o que o coração sente e não fala”, nos desperta para o adoecer de uma alma que padece por não ser correspondida à altura do próprio merecimento. Somente aqueles que nunca amaram de verdade passarão por essa leitura sem serem tocados.
Textos que carregam muito peso emocional, como poesia e poemas, sempre conversaram de forma direta comigo. Tendo crescido no lar de um poeta (meu pai), aprendi desde cedo as clássicas rimas das poesias e como as palavras são capazes de atingir o nosso mais profundo âmago, mesmo que nem sempre as rimas os compõem. Eu ainda era criança, e mantenho vívida em mim, o talento de meu pai com as palavras, e como nós temos o poder de comunicarmos uns com os outros sob essa influência. E essa lembrança Isso só me ocorreu por intermédio dessa conexão… em que fui ensinada desde cedo a também escrever aquilo que verdadeiramente sinto.

É notável que o amadurecimento de tal escrita tenha sido também acompanhado pela psicoterapeuta Valéria Delarole, responsável por orientar a autora e colaborar com a coprodução do livro, sem é claro, tirar o mérito de uma juventude brilhante e emocional, como a mesma cita.
A leitura de ‘As duas faces do amor’ se assemelha a decodificação de um diário pessoal, de um local seguro sem julgamentos para o nobre sentir. É preciso reconhecer que expor tão verdadeiramente assim a própria visão sobre o amor é admirável, porque também somos e devemos ser vulneráveis.
Sentir e reconhecer a própria vulnerabilidade nunca será sinônimo de fraqueza, pelo contrário, só enriquece a pauta de que falar sobre o que sente é o primeiro passo para a cura da alma e de nossas relações.
Talvez um dos maiores problemas da geração de jovens adultos hoje seja não reconhecer o que sente, validar o que o outro sente, e se reconhecer dentro de relações respeitosas. E você realmente pensando aqui no que poderia aprender com um livro sobre o amor escrito por uma autora de quatorze anos, não é mesmo? Que tal começar por se reconhecer, para assim então, se identificar com a própria inquietude?
Desejo que a leitura desse livro vá de encontro com as suas bagunças internas.


Marcella Montanari
Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.


CONTINUE NAVEGANDO

RYANE LEÃO: AS OBRAS DA AUTORA DE ‘ONDE JAZZ MEU CORAÇÃO’ | RESENHA LITERÁRIA
24 de setembro de 2020
3ª TEMPORADA DE THE HANDMAID’S TALE | CRÍTICA
27 de agosto de 2019
One Comment
Pingback: