Filme The Batman de Matt Reeves
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THE BATMAN | CRÍTICA

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Num claro jogo de ansiedade, Matt Reeves nos entrega uma das melhores esperas dos últimos tempos: The Batman, com suas 2 horas e 56 minutos de filme que passam despercebidas perante os olhos.

Diante de uma profunda imersão na escuridão de Gotham e nos segredos que moram por trás de cada rosto, Reeves nos apresenta uma atmosfera sombria, ligada a uma versão diferente da já conhecida no cinema pelo público.

Esqueça as referências tradicionais que foram usadas ao longo dos anos para retratar Bruce Wayne nas telonas. Em The Batman, Reeves abstrai, e muito dos quadrinhos; é possível ver alusões à Batman: Year One, Batman (1940) #344, Detective Comics 1000, Batman Earth One, como várias outras, assim como esperado, mas com detalhes que personificam sua versão própria do herói.

Sob uma ótica diferente de vivência ao luto, vemos um jovem Bruce dando pequenos passos à jornada de identidade, reconhecimento da dor e encaixando as peças sobre a própria vida que se perderam ao longo dos anos.

O cavaleiro das trevas aqui se constrói sob como se autointitula: vingança; e como ela é um prato que se come com ódio, às escuras.

Um dos maiores temores do nerd ‘conservador’ se provou uma grande balela, como era de se esperar. Robert Pattinson entrega uma atuação digna do personagem moldado por Reeves, reservado, obscuro e triste que se adapta bem ao herói que pretende dar o melhor de si e do bilionário que não liga em assumir o legado da família.

Zoë Kravitz e Robert Pattinson em The Batman
Créditos da imagem - Divulgação: The Batman / Warner Bros. Pictures

Apesar da versão intimista de Bruce na pele de Pattinson, é nítido o desejo de vivenciar o máximo de tempo possível na pele do Batman, vide a sacada simplista, mas interessante no início do filme, em que Bruce, ao olhar para a claridade que atravessa as janelas da mansão Wayne e chega até ele e Alfred, apresenta aversão à luz (como um morcego) e em seguida, coloca um par de óculos de sol no rosto para enxergar as anotações de Alfred.

Desde Michelle Pfeiffer, o cinema ainda não havia visto uma atriz conseguir incorporar a gatuna Selina Kyle de forma sexy, sorrateira, com o toque de inocência para lidar com homens ingênuos, e voracidade nos momentos de ação. A construção da personagem e a liberdade dada por Reeves à impecável Zoë Kravitz, construiu aquilo que faltaram as antecedentes Halle Berry e Anne Hathaway, sem querer obviamente, criar nenhum tipo de competição feminina diante deste comentário.

Com uma leveza e o ápice emocional que gira entorno da trama em The Batman, Kravitz prova que não é preciso que uma mulher seja constantemente sexualizada e violada perante as câmeras, especialmente em um filme de ‘super-herói’, para que ela seja notada ou que sua presença seja relevante para a história que pretendem nos contar. Zoë deixa a sua marca no filme e não será lembrada como a Mulher-Gato do filme do Edward Cullen como Batman.

O bat-sinal atravessando os arranha-céus de Gotham deixa claro que nesta narrativa, o holofote tradicional com a silhueta de um morcego não é apenas um sinal, mas um alerta para aqueles que estão nas ruas promovendo o caos. Porém, apesar da narração de Pattinson ser no mínimo intensa, e nos comunicar de que o medo é uma ferramenta, é notável que a figura do morcegão ainda não promova o temor ou o respeito, que seja, nos cidadãos ou criminosos da cidade.

O ator
Créditos da imagem - Divulgação: The Batman / Warner Bros. Pictures

Situação que fica clara quando os policiais o encaram como uma criatura bizarra que utiliza uma fantasia e os criminosos com desdém, com exceção de James Gordon, vivido por Jeffrey Wright e o singular Charada, que ganhou vida pela atuação impecável de Paul Dano.

A concepção e toda a caracterização do Charada ajudam a promover uma imagem de insanidade movida por um enorme desamparo social, que ao som de Ave Maria, escrita por Franz Schubert, nos toma pelo sentimento de horror e medo. De forma sádica e inteligente, o influencer de Gotham brinca com as autoridades, mete medo nos criminosos de rabo preso e faz com que o próprio Bruce (e nós) duvidemos um pouco da capacidade intelectual de um cara que já intimida os demais pelo alto QI. Com o inigualável talento que compartilha, Paul Dano ainda trará grandes consequências a Gotham, ao que parece.

Peça importante neste jogo, Carmine Falcone, interpretado por John Turturro, nos desperta o sentimento de desprezo diante de alguém tão repugnante, o que nem se compara com o vendedor de armas e drogas Oz, ou melhor, o Pinguim, que ganhou vida com Colin Farrell IRRECONHECÍVEL pela maquiagem perfeita, que nos faz identificar instantaneamente de quem se trata, sem demonstrar uma aparência caricata, respeitando o universo criado por Reeves.

The Batman é um filme que não vive de easter eggs para se fazer interessante, mas que nos entrega referências gostosas de serem captadas discretamente. No mais, Reeves nos entrega um longa dramático com o Batman detetive que o cinema merecia ter e com a imponência de Pattinson, que teve espaço para brilhar na tela.

A fotografia deslumbrante de Greig Frase cativa os olhos do público, como em diversos momentos, extasia pela qualidade das cenas, harmonizando perfeitamente com a estonteante trilha sonora de Michael Giacchino. Superando expectativas, a saída do cinema se torna um entusiasmo para o que ainda está por vir da mente brilhante de Matt Reeves.

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NOTA:

TRAILER:

Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.

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