OS 7 DE CHICAGO | CRÍTICA
Os 7 de Chicago nos faz questionar como podem erros do passado ainda serem tão marcantes e recorrentes nos dias atuais? Algumas histórias podem soar como absurdas, mas continuam a se repetir de diferentes formas.
Um caso de 1968, nunca esteve tão atual. Com a liberdade de expressão ameaçada e os direitos de protestar colocados em jogo, a Convenção Nacional Democrata se tornou um confronto violento contra a polícia e a Guarda Nacional, transformando o acontecimento num fato histórico nos EUA.
O envolvimento dos Estados Unidos na guerra do Vietnã repercutiu negativamente com o lançamento da Operação Rolling Thunder, na qual sugeria um bombardeio aéreo gradual e sustentado contra o norte do país asiático, no qual o presidente Johnson anunciou meses depois que acrescentaria tropas no país ‘inimigo’.
A decisão do presidente provocando uma reação imediata de retaliação da população, principalmente de jovens que criaram movimentos de resistência em massa ao redor dos EUA, especialmente nos campus universitários, onde também usaram para se refugir do alistamento militar
Os 7 de Chicago nos fazem questionar como podem erros do passado ainda serem tão pertinentes, marcantes e recorrentes nos dias atuais? Algumas histórias podem soar como absurdas, mas continuam a se repetir de diferentes formas.
Um caso de 1968, nunca esteve tão atual. Com a liberdade de expressão ameaçada e os direitos de protestar colocados em jogo, a Convenção Nacional Democrata se tornou um confronto violento contra a polícia e a Guarda Nacional, transformando o acontecimento num fato histórico nos EUA.
O envolvimento dos Estados Unidos na guerra do Vietnã repercutiu negativamente com o lançamento da Operação Rolling Thunder, na qual sugeria um bombardeio aéreo gradual e sustentado contra o norte do país asiático, no qual o presidente Johnson anunciou meses depois que acrescentaria tropas no país ‘inimigo’.
A decisão do presidente provocando uma reação imediata de retaliação da população, principalmente de jovens que criaram movimentos de resistência em massa ao redor dos EUA, especialmente nos campus universitários, onde também usaram para se refugir do alistamento militar.
Um dos movimentos contra a decisão do presidente, foi apresentado pelo Partido dos Panteras Negras, fundado em Oakland, na Califórnia, por Bobby Seale e Huey Newton, que desafiou a brutalidade policial contra a população negra.
O longa também cita o assassinato de Martin Luther King Jr, líder do movimento pelos direitos civis dos americanos, em Memphis, no Tennessee. O crime levou o país para uma onda de protestos, manifestações e motins por várias cidades, incluindo Chicago, local responsável por receber a Convenção Nacional Democrata, o que nos leva ao ponto central da trama.
Grupos diferentes desejam se locomover até a Convenção para manifestarem, mas o prefeito na época, Richard Daley, se recusa a conceder permissão para “grupos antipatrióticos” de acordo com Daley. O que não impediu que os mesmos, comparecessem à cidade mesmo assim.
Por este motivo, o local foi cercado por arame farpado, e contou com a presença de 11 mil membros do Departamento de Polícia de Chicago e 6 mil membros da Guarda Nacional de Illinois, na tentativa de impedir as manifestações contra à Guerra do Vietnã.
Apesar da tentativa de intimidação do governo, os grupos de oposição à guerra que tentaram autorização para manifestar pacificamente, foram até Chicago, entre eles: Estudantes para uma Sociedade Democrática (SDS), o Partido Internacional da Juventude (Yippies) e o Comitê Nacional de Mobilização para terminar a guerra no Vietnã (The Mobe).
A Convenção Nacional Democrata é iniciada em 26 de agosto de 1968, mas o evento que nos direciona para o ponto central da trama, acontece no dia 28, quando milhares de manifestantes se reúnem no Grant Park e se deparam com a polícia, havendo um confronto que resultou em várias pessoas feridas e na prisão de alguns manifestantes, como Tom Hayden (Eddie Redmayne), Rennie Davis (Alex Sharp), Yippies Abbie Hoffman (Sacha Baron Cohen), Jerry Rubin (Jeremy Strong), David Dellinger (John Carroll Lynch), John Froines (Danny Flaherty) e Lee Weiner (Noah Robbins).
Até aqui, a história caminha rapidamente, nos levando para o que realmente interessa e sobre o ponto central do filme: o julgamento dos sete e de Bobby Seale (Yahya Abdul-Mateen II), que esteve na cidade de Chicago por apenas quatro horas para fazer um discurso e sequer participou dos motins.
Talvez esta tenha sido uma das introduções mais longas que levei para fazer da crítica de um filme e talvez uma das mais longas que demorei para escrever, talvez pelo impacto do discurso que Os Sete de Chicago carrega. Uma história que muitos fora dos Estados Unidos talvez desconhecessem até o momento, e que ainda assim, conseguem identificar muitas similaridades com comportamentos, não somente pelo que veem dos noticiários, mas pelo que vivenciam nos próprios países.
Qualquer sociedade que se arrisque a fazer críticas a governos, está sujeita a pagar um alto preço por exercer seu poder político. Poucas foram as vezes, na história do mundo, que houve mudanças no cenário político em nossa sociedade, que o povo conseguiu ser ouvido sem precisar se manifestar de alguma forma.
Apesar de todas as acusações, a mais grave do julgamento é a cor da pele. O tratamento racista contra Bobby Seale embrulha o estômago e causa revolta, não apenas pela tocante atuação de Yahya, mas por sabermos que este comportamento nunca deixou de existir. Um dos maiores crimes na humanidade ainda é nascer com a pele preta, na qual automaticamente transforma pessoas inocentes em criminosas, perante os olhos de pessoas racistas que nasceram sem alma.
O comportamento do Juiz Julius Hoffman (Frank Langella), nos faz questionar o ponto de cruzamento entre o profissionalismo e a falta de caráter, somadas à corrupção de um estado e suas forças policiais.
O tom da história é levado pelo recorte de palavras e discursos que ditam os passos do roteiro, que apesar de extenso e podendo ser mais enxuto, não perde a grandeza dos detalhes que inicialmente não parecem importantes, mas que conduz a dramaticidade das trajetórias solo e casa com o desfecho final dos personagens.
Personagens que apesar de terem sido levados até Chicago por um bem em comum, demonstram uma enorme covardia e egoísmo entre si ao terem seus limites testados. A obviedade de que há interferência e mentiras entre a corporação policial e os advogados de acusação, sendo este o “grande plot twist” do drama, não estraga o nosso divertimento ao assistir a ruína do teatro ensaiado pelo estado.
Os Sete de Chicago parece mais uma história atual, ditando que apesar de ter acontecido décadas atrás, o rumo de nossa realidade não mudou tanto de percurso quanto parece, onde contos de corrupção na política, na polícia, nas cortes, a violência racial que não se limita apenas na força física, as fakes News, os abusos de poder e as perdas de vida desnecessárias causadas por grandes poderes ao redor do mundo criadas por interesses próprios, ainda são os mesmos.
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NOTA DE OS 7 DE CHICAGO:
TRAILER DE OS 7 DE CHICAGO:
FICHA TÉCNICA | OS 7 DE CHICAGO:
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Marcella Montanari
Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.