DE VOLTA AOS 15 É UM PRATO CHEIO PARA OS MILLENNIALS, ENTREGANDO O SUPRASSUMO DA NOSTALGIA E DIVERSIDADE
Quem nunca imaginou poder voltar no tempo para reviver momentos únicos, reencontrar pessoas que já não estão mais aqui ou tentar reparar erros do passado? De Volta aos 15 poderia até soar como mais uma história sobre viagem no tempo, mas a série baseada no best-seller homônimo da escritora e produtora de conteúdo Bruna Vieira, brilha na simplicidade de contar uma história que se assemelha à realidade de muitos adolescentes millenials.
A produção da Netflix nos conta a história da jovem Anita (Maisa/Camila Queiroz) e de como, por acaso, ela realiza uma viagem no tempo através do Floguinho, uma rede social semelhante ao antigo Fotolog da realidade, que existiu de 2002 a 2016. Viajando entre idas e vindas, dos seus 15 a 30 anos, a terceira temporada conclui o ciclo de Anita e de seus amigos que infelizes com suas antigas escolhas de vida, tentam reconstruir suas histórias.
Esqueça toda a complexidade que geralmente histórias de viagens no tempo trazem na bagagem e o entendimento de física sobre o assunto exigido pelos espectadores, o propósito de De Volta aos 15 é explorar os sentimentos dos personagens. A série gera muita identificação nos atuais jovens adultos e os permitem reviver momentos nostálgicos, mostrando para a geração Z, como que apesar de sermos a geração que herdou tantos problemas em atmosferas insanas, fomos a última a ter contato com um mundo não digital; O que nos permitiu construir momentos incríveis e saudáveis com o que tínhamos de melhor: as pessoas ao nosso redor.
“Você não é mais uma criança. Não dá pra ficar falando tudo que vem na sua cabeça sem se importar com as pessoas.
Fazendo uma recapitulação de todas as temporadas, os jovens entre 25 a 35 são os que mais vão se identificar com os diversos easter eggs que a série traz. E se sentir vontade, esqueça os pré-julgamentos de que a série pertence apenas ao público infanto-juvenil, porque os que mais vão sorrir e se conectar com os sentimentos dos personagens, são as pessoas que hoje sofrem para pagar os boletos, sentem dores na coluna e não fazem ideia do que estão fazendo com a própria vida.
A língua afiada e a personalidade bem definida de Anita combinam com o talento de Maisa, que parece ter se encontrado dentro do papel em sua versão jovem. Não diminuindo é claro, o papel de Camila Queiroz na fase adulta, que traz a maturidade das decisões dolorosas, mas necessárias que a vida adulta cobra.
Importante ressaltar que em meio a viagens no tempo, sentimentos confusos e crises existenciais, De Volta aos 15 enfrenta sem amedrontamento alguns discursos ainda pouco falados, mas necessários em meio a uma sociedade hipócrita e com crescente discurso conservador e preconceituoso em meio aos jovens.
Um dos maiores legados, portanto, se encontra na jovem atriz Nila, responsável por interpretar César/Camila, que levanta discussões e reflexões durante as três temporadas sobre gênero e orientação sexual. Infelizmente ainda é raro ver pessoas como Nila recebendo a oportunidade de trabalhar em algo que as represente com seriedade dentro do audiovisual brasileiro.
NOTA:
TRAILER:
Marcella Montanari
Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.
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