Brad Pitt, Leonardo DiCaprio e Margot Robbie em Era uma Vez em... Hollywood
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ERA UMA VEZ EM… HOLLYWOOD | CRÍTICA

O 9º filme de Quentin Tarantino, Era uma Vez em… Hollywood, estreia como uma grande surpresa aos fãs, pra nós uma grata produção inesperada, para outros nem tanto.  Esqueça a toalha necessária para limpar todo o sangue que normalmente é jorrado da tela, tome o seu assento e se prepare para imergir em uma história incomum contada pelos olhos de Tarantino.

O longa conta com um elenco brilhantemente talentoso e temos plena consciência disso ao comprar o ingresso, mas nossa vaidade nos cega com facilidade e sem esperar por isso, somos surpreendidos por um belo knockout de quem já admirávamos, mas não fazíamos ideia de que era possível estimar ainda mais as atuações que beiram o impecável e elevam a apreciação do filme do início ao fim.

O destaque master fica sob o comando de DiCaprio, que conduz a história com seu brilhantismo e rouba a cena no papel de Rick Dalton, personagem que vive o constante medo do fracasso e da falta de reconhecimento em sua transição de TV para cinema. Era uma Vez em… Hollywood conduz o público num jogo de câmeras e cenas que nos faz circular em um novo filme dentro da história.

Leonardo DiCaprio e Brad Pitt juntos no filme Era uma Vez em... Hollywood
(Divulgação: Era uma Vez em... Hollywood | Sony Pictures)

Em uma explosão de fúria e autocrítica, Leo quebra a quarta parede ao fazer uma retratação consigo mesmo diante do espelho em cena, numa sacada em que faz a imagem do ator falar olho a olho com o público. A reprovação de comportamento soa diretamente a quem assiste.

Um pedaço de Hollywood que nem sempre é retratado: as dificuldades, a arrogância, a ganância, a insegurança, o fracasso e o ato de se reconhecer como uma pessoa normal. A quebra da imagem de perfeição exigida enquanto mulher é imprevista e extraordinária. As belas também roncam, sujam os pés e usam acessórios que nem sempre vão parecer favorecer os seus melhores traços. A importância disso? Normalizar comportamentos que não são únicos e exclusivos de homens e não deveriam ser vistos como impróprios, repulsivos ou estranhos, mas como algo naturalmente humano. Elas também são REAIS.

Brad Pitt vive Cliff Booth, um dublê que sem fazer esforços já cativa em suas primeiras aparições, mas coloca o público em uma intriga interna ao descobrir que existem fortes acusações de que o prestativo amigo aparentemente cometeu um assassinato. O dilema é não saber se o homicídio de fato ocorreu e ficamos em uma linha cruzada entre acreditar em Dalton, que confia fielmente na inocência de Cliff ou em todos os demais que acreditam veemente que Booth, é um assassino. A questão cria um conflituoso sentimento de imoralidade ao imaginar sermos capazes de gostar ou nos identificarmos com um possível assassino. Não há a resolução em tela para o dilema. Tarantino joga as cartas e obriga que sua consciência faça a tomada de decisão.

Era uma Vez em… Hollywood está puramente ligada à história da atriz Sharon Tate, porém, não temos um aprofundamento em sua personagem como Dalton ou Cliff. Mas Margot Robbie faz de seus momentos pontuais em tela, de uma expressividade sem igual, sendo capaz de nos aproximar de uma Sharon que muitos desconhecem, por ter tido sua passagem em vida marcada por um trágico fim.

Margot Robbie no papel de Sharon Tate no filme Era uma Vez em... Hollywood
(Divulgação: Era uma Vez em... Hollywood | Sony Pictures)

Ao longo dos anos, as pessoas permitiram que o crime cometido pela Família Manson, se tornasse maior do que a breve carreira da atriz, já Tarantino faz o papel inverso, trazendo à tona o talento e a jovialidade que ficaram pra trás. A brutalidade se transforma num sonho efêmero de que o fato não aconteceu efetivamente.

O toque irrealista não é amargo, pelo contrário, nos entrega uma verdade que nunca existiu, mas que todos torcíamos para que sim. A genialidade arranca um sorriso à força de quem esperava um final infeliz, e tem a sua assinatura no desfecho inesperado que só poderia vir de Tarantino. A conclusão que deixa o paladar com teor de vingança paga, é de uma peculiaridade que em meio ao caos, nos saltitam gargalhadas.

Apreciando ou não o conteúdo do filme é preciso reconhecer a grandiosidade contida na sua produção. Apesar de Era uma Vez em… Hollywood ter sido apenas a nona produção de Tarantino, é nítido como o filme mantém cautela e segura a responsabilidade de envolver um caso criminal histórico, sem transformar um circo em cena. Charles Manson está presente, mas não assume protagonismo e não ganha espaço, isso já foi feito demasiadamente ao longo dos anos. Aqui ele soa quase como uma figura que existiu apenas na cabeça de seus seguidores. Quem nos dera.

Há sensatez na fundição do não ficcional com o universo de Tarantino. O bom humor ganha notoriedade pelas mãos de Pitt e DiCaprio, que são primordiais para o ritmo que o filme leva. Único, versátil e surpreendente, como apenas Tarantino é capaz de fazer.

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NOTA:

TRAILER:

Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.

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