(Divulgação: La Casa de Papel | Netflix)
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3ª Temporada de La Casa de Papel | Crítica

Nossos ladrões favoritos estão de volta na 3ª Temporada de La Casa de Papel, produzida e distribuída pela Netflix. A plataforma entrega uma temporada mais redonda e com novos personagens que somam de diferentes formas na narrativa, mas diferente dos rostos que já conhecemos, não cativam o público com seus papéis.

Após o roubo bem-sucedido na Casa da Moeda da Espanha, os ladrões conseguem fugir e passam cerca de 3 anos divididos em duplas em países diferentes, a fim de se protegerem de quaisquer tentativas de captura por parte da polícia.

REFÚGIO COMO MILIONÁRIOS

A 3ª temporada de La Casa de Papel nos dá uma breve introdução ao que aconteceu com os ladrões após o grande roubo. Nada de aviões, ainda sendo guiados pelo Professor, todos cruzam a fronteira marítima de Portugal para fugir da Espanha e se dividem aos seus respectivos destinos a partir do porto de Casablanca, em Marrocos.

Tóquio (Úrsula Corberó) e Rio (Miguel Herrán) se encontram no Arquipélago de Guna Yala, mais especificamente na Ilha Pelicano, no Panamá. Helsinki (Darko Peric) e Nairobi (Alba Flores) partem para La Pampa, na Argentina. Denver (Jaime Lorente) e Mônica (Esther Acebo), agora Estocolmo, e o filho deles Cincinnati vivem em Java, na Indonésia. O Professor (Álvaro Morte) e Raquel (Itziar Ituño), agora Lisboa, vivem na Tailândia com a mãe e a filha da ex-inspetora.

O Professor sempre soube que mesmo fora da Espanha todos ainda estariam em perigo, e sobreviver faria parte do plano de suas vidas a partir de então. Esconderijos seguros, onde as duplas estariam protegidas do alcance da Interpol/Europol, que seria restrito nestes locais e sempre teriam um ao outro para com quem contar.

(Divulgação: La Casa de Papel | Netflix)
(Divulgação: La Casa de Papel | Netflix)

A inocência de Rio coloca todos em risco. Ainda que sua inteligência o tenha levado a integrar o grupo, ele ainda não amadureceu o suficiente para lidar com as questões que o cercam e cria uma grande dependência de Tóquio, principalmente pós roubo, onde não retém muita liberdade.

Apesar da captura de Rio ser o motivo inicial para o enredo da 3ª temporada de La Casa de Papel, em certos momentos isso parece ser deixado um pouco de lado ou pelo menos é o que nos faz parecer. A adrenalina e o sentimento de auto aprovação, parecem ser maiores do que o resgate do Rio em si; não para Tóquio, que não se esquece de que toda a ação busca uma brecha para a negociação da liberdade dele. Mas nos aprofundamos tanto no plano dos sonhos de Berlin e na grandiosidade da ação, já que agora contam com grandes recursos e tecnologia, que até quem assiste pode se esquecer em alguns momentos o porquê de realizarem outro grande roubo.

Berlin (Pedro Alonso), se comprova nesta temporada ser irmão de Sergio (Professor). O foco se mantém muito na relação de passado entre eles, como se o Professor mantivesse uma espécie de remorso pela morte de Berlin. O resgate do Rio, serve como uma oportunidade de realizar uma das maiores ambições do irmão, roubar a Reserva Nacional do Banco da Espanha, em sua homenagem. Assim como o roubo da Casa da Moeda era a de seu pai.

NOVOS PERSONAGENS

De maneira inteligente, a trama envolve um novo personagem tão importante quanto os protagonistas que já conhecemos: a opinião pública, que joga a favor deles e os salvam em alguns momentos ao decorrer da temporada.

Os ladrões já haviam conquistado a afeição de parte do público no primeiro roubo, prova disso é quando o Professor exibe ao grupo, fotos de pessoas utilizando macacões vermelhos e máscaras de Dalí em diferentes lugares do mundo. Ao soltarem 140 milhões de euros pelas ruas de Madrid utilizando dirigíveis, o grupo faz jus ao título de Robin Hood que haviam ganho.

Além disso, na 3ª temporada de La Casa de Papel, conhecemos o desagradável Palermo (Rodrigo De la Serna), Bogotá (Hovik Keuchkerian) e Marselha (Luka Peros). Palermo conhece o Professor há muitos anos e era amigo próximo de Berlin, juntos eles desenvolveram o plano de roubar o Banco da Espanha.

Os criadores tentaram desenvolver Palermo com uma identidade semelhante a de Berlin, mas falharam miseravelmente. Apesar de ser um tanto quanto desprezível, Berlin nos conquista com seu deboche e seu carisma inigualável. Aliás, o retorno do personagem na série é total fan service. Pedro Alonso como sempre nos encanta com seu talento e com a acidez que somente ele conseguiria trazer ao papel. Os fãs agradecem Netflix

.

Bogotá é um cara impaciente, um pouco irritado, mas que coopera com a equipe e faz uma boa dupla com Nairóbi. Marselha não ganha tanto espaço quanto os demais, basicamente serve como ponte entre o grupo e os investigadores.

EMPODERAMENTO FEMININO vs MACHISMO E MISOGINIA

(Divulgação: Netflix)
(Divulgação: La Casa de Papel | Netflix)

Nairobi ganhou muito destaque nas temporadas passadas por assumir uma posição de força e inteligência feminina frente ao machismo de Berlin. Na 3ª temporada de La Casa de Papel isso fica ainda mais evidente, Nairóbi não somente assume liderança, como executa as partes mais importantes do roubo e dá boas lições de moral nos homens que insistem em ser machistas e misóginos.

A personagem também conta com Estocolmo, Tóquio e Lisboa e juntas assumem uma resistência feminina importante. As personagens não aceitam serem estereotipadas, sexualizadas, humilhadas ou desrespeitadas.

O machismo e a misoginia estiveram gritantes nesta temporada, despertando abominação e repugnância. Palermo, Denver, Professor e Bogotá dão um show de horrores em relação a isso. Seria essencial que este comportamento seja revisto e melhorado como parte da construção de caráter dos personagens nas próximas temporadas. Permanecer desta forma será consentir com tal comportamento, provocando um completo desfavor quanto impacto cultural e social, naturalizando esta conduta doentia.

 “Vá contar os pelos das bolas” – Nairobi para Palermo

REFERÊNCIAS CONSTANTES COM O BRASIL

(Divulgação: La Casa de Papel | Netflix)
(Divulgação: La Casa de Papel | Netflix)

Os fãs brasileiros podem ficar felizes com a 3ª temporada de La Casa de Papel, pois em vários momentos ao longo dos episódios, o Brasil ou os brasileiros são referenciados. Aliás, a quantia de vezes é tamanha que nos faz questionar se talvez o país não possa ser utilizado como locação futura para a série.

La Casa De Papel retorna com uma temporada mais bem elaborada e com um roteiro melhor do que as anteriores. A ideia de roubar o Banco da Espanha e suas 90 toneladas de ouro se sobressai ao roubo anterior.

Há várias questões em jogo e a complexidade da narrativa é maior; suas identidades reveladas, o desentendimento entre eles, os obstáculos de arrombar o cofre e executar o roubo submerso, a estrutura montada para fundir o ouro, o desequilíbrio emocional da polícia, a opinião pública, etc.

A ideia de que o Professor não mais retém todo o plano em mãos intriga e coloca o personagem em conflito consigo mesmo. Apesar de continuar abordando sua inteligência e perspicácia para lidar com as dificuldades, o cara que antes fazia o impossível diante dos olhos da polícia, agora falha – humanizando a mente central da narrativa, possibilitando maior autonomia dos demais protagonistas.

A apresentação dos novos personagens foi mal realizada e nenhum pouco aprofundada, diferente daqueles já conhecidos na primeira temporada. Sabemos um pouco mais sobre Palermo por causa de sua ligação com Berlin. Bogotá, Marselha e os demais que são “recrutados” para fundição do ouro são deixadas de lado, sequer sabemos seus nomes. O atraso na apresentação dos codinomes de Mônica e Raquel também foram desnecessários.

La Casa de Papel ainda enfrenta alguns problemas de roteiro, mas que não incomodam como a primeira e a segunda temporada. O nível de competência na produção da terceira temporada é visível e cumpre seu papel maior, entreter. Apesar da receita ser a mesma, Alex Pina conseguiu entregar mais do mesmo em alta qualidade para os fãs, mas não deve prolongar muito mais a série. A trilha sonora como sempre está excelente.

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Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.

One Comment

  • Marcos goes

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    Parabéns pelo texto e conteúdo, temos que ter mais
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