A RODA | RESENHA LITERÁRIA

A incerteza e o medo, por vezes, nos tornam reféns de nós mesmos, impedindo que de alguma forma possamos progredir em diferentes aspectos da vida. O livro A Roda, de André Luiz de Bastos Ferreira, nos traz algumas reflexões sobre a jornada que trilhamos em uma leitura profunda sobre nossas escolhas de vida versus os mistérios que talvez estejamos predestinados a vivenciar, mas que por motivos maiores que nós, ainda não temos o domínio completo sobre.

Imagine sair de casa rumo a uma reunião de trabalho em outra cidade que pode definir o rumo da vida que você tanto planejou, e acabar sendo o único sobrevivente de um acidente aéreo, acordando depois de meses de um coma que talvez você nunca pudesse retornar? E assim começa a história do americano John, o protagonista que nos guia em uma aventura de autodescoberta de uma faceta espiritual jamais imaginada por ele.

Depois de John passar meses em coma no hospital, sua esposa Jane precisou adaptar toda a sua rotina e a do filho deles, o pequeno Max, uma criança autista Asperger, para sobreviver com o vazio deixado pela ausência do pai, e claro, a renda da família.

Durante todo o período em que esteve em coma, John também recebeu acompanhamento do fisioterapeuta brasileiro George, que com o tempo, acabou se tornando um grande amigo da família. É através de George que John conhece o Instituto de Ampliação da Consciência – A Roda, local fundado por um homem chamado Fidas, que oferece cursos e seminários para ajudar as pessoas a ampliarem suas consciências, ou seja, pensarem fora da caixa.

Após o acidente, John acaba recebendo uma indenização da companhia aérea, e decide tirar um tempo sabático. Neste meio tempo, o destino acaba levando John e sua família ao Brasil, e o mesmo, decide se dar a oportunidade de conhecer A Roda, na busca de se reencontrar após tudo o que viveu.

Aos que se interessam sobre leituras leves, que promovem reflexões genuínas sobre a vida, sobre o impacto que o ser humano causa à natureza, sobre nossas formas de consumo desenfreado, até mesmo sobre nossas formas de nos conectar com as demais pessoas, a obra de André cairá como uma luva.

É importante ressaltar que o público majoritário do livro, apesar de poder impactar as pessoas de forma geral, será mais apreciado por aquelas pessoas que se interessam por assuntos que envolvem astrologia, numerologia, aromaterapia, meditação, e demais formas alternativas de terapia/tratamento.

A escrita do livro segue uma linha formal, mas ao mesmo tempo fluída, já a ambientação nos emerge na atmosfera espiritual que o livro carrega por meio dos olhos de John. Os personagens também são de fácil conexão e bom humor, dando a nós aquele gostinho esperançoso na humanidade.

A pós-experiência fica em nosso imaginário, talvez, tendo nós mesmos sidos membros também dos conhecimentos e reflexões transmitidos durante a leitura. E por fim, ressalto aqui um trecho que sem dúvidas, deixou meu coração aquecido: “O mais imenso amor é capaz de caber dentro de um abraço”.