Black Mirror: Bandersnatch | Netflix propõe interatividade e finais alternativos
Falar em Black Mirror já nos remete a “Anyone Who Knows What Love Is” de Irma Thomas, mas apesar da música não estar presente no filme Bandersnatch, você sem dúvida vai soltar a famosa frase: Isso é muuuito Black Mirror!
A novidade que já havia despertado uma enorme curiosidade quando a Netflix anunciou que o filme teria novidades interativas, despertando uma sensação de poder sobre o destino do protagonista inicialmente, mas que não perdura ao longo da trama, já que afinal de contas, são escolhas gravadas para finais distintos, porém, não deixa de ser uma interação válida para o usuário, que pode ter a duração da experiência de acordo com suas escolhas.
A história é relatada nos anos 80 e gira entorno do programador Stefan Butler (Fionn Whitehead) de 19 anos, que se inspira no romance Bandersnatch do autor Jerome F. Davies para criar um jogo demo e apresentar a ideia para a empresa Tuckersoft que se interessa e faz uma proposta ao jovem para o desenvolvimento do game. O contrato impõe que o jogo seja entregue no máximo em setembro, para que possa ser lançado no mercado em dezembro, em tempo para aumentar as vendas no natal, mas nem tudo sai com a praticidade imaginada pelo programador.
Sempre nos apresentando realidades que envolvem dramáticos envolvimentos com a tecnologia, Bandersnatch leva o personagem à percepção de que alguém controla suas decisões. Também é possível perceber que a todo o momento, os demais personagens falam diretamente com o usuário e com as decisões que o mesmo toma enquanto está assistindo. Se torna quase impossível não questionar os próprios valores ao se deparar com algumas escolhas duras ao decorrer da trama, mesmo tendo alguns casos sem saída
Comunicação direta com o usuário em Bandersnatch
O famoso designer de jogos Colin Ritman (Will Poulter), é um dos personagens mais interessantes do filme, a todo momento ele fala diretamente com o usuário e dá dicas sobre as decisões tomadas. O personagem também fala bastante sobre todo aquele cenário perturbador que cerca Stefan, e informa quem assiste sobre algumas siglas que são bastante citadas, realidades paralelas, entre outras coisas. É possível ver como ele também altera a própria percepção de algo de acordo com a decisão que você decide tomar ou refazer, como se ele presenciasse todas as suas escolhas para posteriormente fazer seu próprio julgamento. Colin também é responsável por nos despertar da falsa ilusão de livre arbítrio (mesmo que já estejamos conscientes disso ao iniciar a história). A Dra. Haynes (Alice Lowe), também parece exercer falas de persuasão durante a trama, tentando convencer o espectador a tomar as decisões que ela acha mais conivente.
A plataforma poderia ter permitido que os usuários decidissem em quais pontos da história retornar para tentar mudar o destino final, apesar que aparentemente essa falta de escolha tenta manter o usuário o maior tempo possível na plataforma streaming. Os mais curiosos vão usar o tempo para tentar novas combinações e testar novos desfechos, mas os usuários mais impacientes podem desanimar logo na primeira conclusão da história, já que até certo ponto a trama passa de algo interessante para um labirinto cansativo.
E a Netflix que está sempre tentando aproximar os usuários das experiências que criam, disponibilizou um site com uma oferta de emprego da Tuckersoft, oferecida pelo próprio Mohan Tucker. Ao clicar no banner para receber maiores detalhes sobre a vaga disponível, o usuário é direcionado para uma página de vagas de emprego da Netflix, podendo se aplicar em cargos semelhantes aos do filme.
Black Mirror: Bandersnatch conta com 5 horas de material gravado, mas a duração do filme pode variar de acordo com as escolhas do usuário. O longa é dirigido por David Slade e escrito por Charlie Brooker. O filme não faz parte da 5ª temporada, que será lançada posteriormente.