GOT | 8ª Temporada – 4º Episódio: The Last Of The Starks
A temida guerra entre os caminhantes brancos parece ter chegado ao fim, ao menos é o que o 3º e o 4º episódio de Game of Thrones propôs. Arya (Maisie Williams) derrotou o Rei da Noite e consequentemente, o exército dos mortos caiu. Em The Last Of The Starks, assistimos os sobreviventes de Winterfell darem adeus aos mortos e queimarem seus corpos em grandes pilhas, mas também a prosseguirem com o plano em de apoiar Daenerys Targaryen a conquistar o Trono de Ferro.
O quarto episódio nos tira do foco dos mortos e nos relembra que os vivos também podem ser uma grande ameaça e o Trono volta a ser a maior cobiça dos protagonistas. Assistimos brevemente os nortenhos comemorando a vitória recente, e alguns momentos e diálogos desta comemoração, recapitula algumas questões importantes para nos atentarmos, como a fala de Tormund (Kristofer Hivju) ao exaltar Jon Snow (Kit Harington) durante o banquete, dizendo que ele havia subido em um dragão para lutar e apenas “homens loucos” ou um “rei” fariam algo do gênero. Palavras que nos recordam de Rei Aerys II Targaryen, mais conhecido como Rei Louco, pai de Daenerys (Emilia Clarke). Desde que Daenerys chegou ao Norte, não ganhou a admiração das pessoas e o apoio como acreditava ser possível, e Jon, como o verdadeiro herdeiro do Trono de Ferro, se torna uma ameaça ainda maior.
Há um diálogo interessante entre Sor Davos (Liam Cunningham) e Tyrion (Peter Dinklage) no episódio, que é digno de atenção, ao relembrem de Melisandre (Carice van Houten) e sua partida pós-combate, Davos menciona O Senhor da Luz em diálogo:
“Jogamos o jogo dele, lutamos sua guerra e vencemos e agora ele desaparece. Sem sinais, sem bençãos. Quem sabe o que ele quer?”
Muitos personagens foram devotos do Senhor da Luz durante toda a série, e conseguiram feitos inusitados sob o poder do mesmo, inclusive, Melisandre, que falou diversas vezes sobre o príncipe prometido ou o lendário herói Azor Ahai. Talvez as profecias ainda não tenham sido completamente concretizadas, aliás, após tantos rumores sobre Arya ser Azor Ahai, a mesma disse no mesmo episódio ao Sandor Clegane (Rory McCann), que não gosta de multidões e heróis. Seria uma deixa da personagem para que o público possa descartar a possibilidade e esperar que outra pessoa assuma tal papel? Ou ainda de que a série descarte o tal herói prometido? Veremos.
Daenerys Targaryen e Jon Snow ainda enfrentam um estranhamento entre eles. Após descobrirem as verdadeiras origens do até então bastardo, o relacionamento passa por crise, até porque Daenerys é tia de Jon, mas se levarmos em conta os antepassados dos Targaryens, isso não é algo tão incomum, já que os mesmos se relacionavam com pessoas da própria família. Daenerys teme que a verdade sobre Jon seja exposta, levando em consideração que Snow é querido não apenas pelos nortenhos, mas por vários povos que ajudou ao longo dos anos, tendo conquistado a confiança e admiração do mesmo, diferentemente dela, que foi obrigada a passar anos no exterior escondida, e luta contra a má fama dos Targaryens após os tempos de monarca do pai, um homem taxado como louco e cruel.
Após Jon contar a verdade sobre suas origens às irmãs, sem relutar muito em manter a promessa de guardar segredo, Sansa (Sophie Turner) revela a Tyrion a verdade. A Mão da Rainha e Varys (Conleth Hill) chegam a discutir a possibilidade de que Jon assuma o Trono, ao invés de Daenerys.
O medo de perder tudo o que conquistou somado a ganância por poder, tem colocado o temperamento de Daenerys em conflito consigo mesma e até mesmo com seus aliados, fazendo-a tomar atitudes impulsivas e mal planejadas, prejudicando o plano de tomar o Trono de Cersei (Lena Headey). Após ignorar os conselhos de Sansa, que tem se mostrado cada vez mais ser uma boa estrategista, Daenerys perdeu dois grandes aliados por isso, Rhaegal, que ainda estava se recuperando da Batalha de Winterfell e Misandei (Nathalie Emmanuel), que foi sequestrada por Euron Greyjoy (Pilou Asbæk) e decapitada pelo Montanha – devendo causar um estrago ainda maior no estado emocional e racional da Mãe dos Dragões.
“Não destrua a cidade que você veio salvar. Não se transforme naquilo que sempre lutou para derrotar” – Varys
“Estou aqui para livrar o mundo de tiranos. Esse é o meu destino e vou conseguir, não importa o preço” – Daenerys
Game of Thrones conta com mais apenas 2 episódios para descobrirmos o desfecho final. Quais suas apostas ou torcidas para quem deverá sentar no Trono de Ferro?
É bom advertir uma cena com um diálogo problemático neste episódio. Sansa e Sandor Clegane, estão conversando durante o banquete. Eles falam de alguns episódios do passado e Clegane diz que o pequeno pássaro (Sansa) mudou, mas que ela não teria passado por nada do que passou com Mindinho ou Bolton se tivesse fugido de Porto Real com ele. É neste momento que Sansa diz que sem estes homens, ela teria permanecido como um pequeno pássaro a vida toda.
É O QUÊ? COMO É QUE É?
Isso não foi apenas problemático, isso foi muito sério e cruel, principalmente colocar uma personagem que sofreu diversas formas de violência física e psicológica por anos, dizer que isso foi bom para ela ter se tornado quem se tornou. Entendem a gravidade deste diálogo? Sansa jamais deveria ter dito aquilo. Jamais deveriam ter roteirizado essa cena, com o intuito de romantizar tais abusos como justificativa de sua evolução pessoal. É preciso que haja urgentemente uma mudança em como roteiristas e produtores homens enxergam a evolução de uma personagem feminina. Sansa não merecia ter sua transformação resiliente ligada à abusos de homens, como se isso fosse comum ou como se uma mulher só pudesse chegar a este nível devido a tais traumas. Difícil de engolir essa cena, bem difícil, aliás.
Game of Thrones | 8ª Temporada - Prévia do 5º Episódio
Marcella Montanari
Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.