Nasce Uma Estrela e os alertas sobre saúde mental | Maratona Oscar
Abrindo nosso especial da Maratona Oscar 2019, vamos falar de um dos filmes mais contemplados das últimas premiações, “Nasce Uma Estrela”. O filme nos conta a história de Jackson Maine (Bradley Cooper), um músico consagrado que por força do destino conhece Ally Campana (Lady Gaga) em um Drag Queen’s bar e se encanta por ela, após assisti-la apresentando a música “La Vie Em Rose”. Jackson consegue enxergar grande potencial em Ally, além de se encantar com a até então cantora amadora. Ally revela que já tentou ingressar uma carreira musical, mas que foi barrada pela indústria devido sua aparência física, alegando não se encaixar em um padrão exigido/lucrativo, como se já houvesse desistido de si mesma.
Estreando como diretor em Nasce Uma Estrela, Bradley Cooper impressiona ao dar ênfase aos diálogos compartilhados entre os personagens, fazendo com que o telespectador consiga criar fortes laços empáticos com Jackson e Ally. As emoções ao longo do filme transcendem a tela, criando grande emoção aos que assistem, especialmente quando ambos dividem o palco, levando a música como o elo que os une integralmente. Já conhecíamos o potencial vocal de Gaga, que impressiona, mas Cooper se apresenta como uma bela surpresa apresentando suas habilidades vocais.
“Se você não cavar bem fundo em sua alma, você não terá pernas. Estou apenas dizendo isso porque se você não falar a sua verdade lá fora, você estará ferrada. Tudo o que você tem é a si mesma e o que você gostaria de dizer para as pessoas e elas estão te ouvindo agora, elas não vão te ouvir para sempre. Acredite em mim. Então você precisa agarrar isso e não se desculpar ou se preocupar por razão eles estão ouvindo ou por quanto tempo eles vão ouvir, apenas diga o que queira dizer”.
– Nasce Uma Estrela: Jackson em diálogo com Ally
SPOILER ALERT: INÍCIO
Ao decorrer de Nasce uma Estrela, Ally vai ganhando confiança em si mesma e acreditando mais em seu potencial, algo que antes aparentava estar profundamente adormecido. Jackson apostou em Ally quando ela demonstrava se sentir derrotada pela indústria e acatado um destino longe dos holofotes. Assistimos a ascensão de Ally com um tom diferente do inicial, onde a cantora aparenta se tornar uma versão moldada da indústria, não muito original, dando a impressão de que a cantora perde um pouco de personalidade própria. Apesar da história tentar nos reafirmar de que a decisão foi a escolha certa, cai um pouco em dúvida se compararmos a Ally dos primeiros arcos. Também assistimos a decadência de Jackson, que enfrenta fortes problemas com o alcoolismo, uma dependência de anos nunca tratada e que foi se agravando, assim como o vício em drogas e aparentemente alguns distúrbios psicológicos. Chega a ser sufocante ver o declínio do personagem.
SPOILER ALERT: FIM
NASCE UMA ESTRELA RESSALTA A IMPORTÂNCIA DE FALAR SOBRE SAÚDE MENTAL
Não descreveremos o final de Nasce uma Estrela, se você assistiu, você sabe o que acontece. O irmão de Jackson, Bobby (Sam Elliott), tem razão quando orienta Ally a não se sentir culpada de alguma forma. O filme também nos deixa uma mensagem sobre a importância de falarmos sobre doenças mentais. Estamos a todos os momentos julgando diversos problemas psicológicos pelos quais não entendemos ou enfrentamos, mas que são sérios problemas de saúde, doenças que a maior parte da sociedade pressupõe como dramaticidade ou vagabundagem. Ninguém chega ao fundo do poço por opção – NINGUÉM – é preciso estender a mão e tentar ajudar essas pessoas. O filme nos ajuda a reafirmar o quanto devemos ser empáticos em relação a vida dos outros, o quanto devemos ser compreensivos e gentis. Aparentemente o longa também faz uma ressalva as próprias pessoas que estão nesta indústria, já que há uma enorme pressão ao se tornar uma pessoa pública; Gaga ressaltou essa questão durante seu discurso no GRAMMY Awards.
No mais, a trilha sonora de Nasce uma Estrela é belíssima e arrepia. A voz de Gaga está impressionante, assim como a de Cooper. A música carro chefe do filme sem dúvidas é “Shallow”, a letra emociona, mas “Always Remember Us This Way” não fica atrás, nos fazendo sentir parte de um grande espetáculo.
NOTA:
TRAILER:
Marcella Montanari
Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.