Adeus 2020
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2020 | O ANO QUE NINGUÉM SAIU ILESO

Ano passado, neste mesmo período, eu fazia um texto aos prantos, expondo o quanto 2019 havia sido um ano pesado, de brigas, intrigas, discussões e desgaste emocional para mim, mas mal sabia eu que em 2020 os desafios seriam piores … muito piores.

Todos os sentimentos que já presenciei foram colocados à prova, incluindo o meu amor e admiração por muitas pessoas que deixaram as máscaras caírem, literalmente. Eu consigo suportar muitos desafios, dificuldades e medos, mas a reação do ser humano ainda é algo que me barra e este ano, eu congelei de medo, pavor e desapontamento.

Em 2020, eu tive o despertar mais doloroso da vida, desta vez ligado diretamente a humanidade. Dói e muito entender o quanto falhamos como seres humanos. O começo da pandemia de covid me dava medo, mas ao mesmo tempo, eu estava certa de que nós sairíamos melhores desta experiência. Inocente engano meu.

Ninguém nunca sairá melhor de uma experiência se não estiver disposto a se descontruir no intuito de se reconstruir para uma forma melhor. No início eu precisava acreditar que seríamos melhores, ou eu não sobreviveria com minha própria mente. Hoje, depois de quase 1 ano, ainda sinto medo, mas a realidade bateu a minha porta. Nada mudou. Não há como sairmos melhores se nunca estivemos dispostos a sermos melhores.

Uma das coisas que mais amo na vida são abraços, daqueles apertados, aconchegantes e que promovem uma bela troca de energia. Os guardei. Guardei os abraços para mim mesma, os apertos de mãos nos bolsos, os sorrisos por trás da máscara e as lágrimas para dentro de casa. Me refugiei do vírus e das pessoas rasas com seus discursos tão vazios quanto elas. Despertei. Senti. Chorei.

2020, o ano que não saiu ileso
(créditos da imagem: Marcella Montanari)

Tenho me reerguido, aos poucos, mas 2020 foi difícil demais e vou carregar duras sequelas por anos a fio. Todos vamos. Até os que preferem ignorar. No ano passado, eu passei 12 meses de agonia, com a saúde extremamente frágil, mas com o feliz amparo de pessoas muito especiais que entraram na minha vida e talvez isso não teria acontecido sem tudo o que vivemos.

Sem querer romantizar toda a desgraça vivida, todo o dano mental causado, só queria dizer como é bom estar viva, apesar de tudo. Como foi bom enxergar as pessoas de verdade, mesmo às vezes, essas verdades sendo dolorosas demais. Nunca vivi de forma tão intensa. Eu não vou celebrar 2020. Eu lamento. Vou lamentar cada vida perdida e que poderia ter sido poupada. Vou lamentar todas as que ainda virão pelo egoísmo do comportamento da maioria. Lamento por você que precisou enfrentar o medo, a fome e o vírus de frente enquanto alguns como eu, tiveram o privilégio de trabalhar de casa. Lamento pelas pessoas que não entenderam a importância de tudo pela falta de educação e pela manipulação dos diabos engravatados de Brasília.

Celebro hoje a vida de todos nós que não cedemos ao egoísmo, aos caprichos e desejos de nossas futilidades que poderiam e ainda podem ser adiados. A saudade grita e aperta o peito. A vontade do abraço, do beijo e dos reencontros ardem, mas ainda vamos matar tudo isso no peito, quando passar.

A você que me acompanhou durante o início de tudo, a você que chegou depois e a você que ainda vai chegar… obrigada. Obrigada pela compreensão, por entender a minha ausência, pela minha falta de criatividade e pelo atraso na produção de conteúdo. Obrigada por entenderem que do lado de cá, tem uma humana lutando ferozmente para driblar os próprios demônios, cuidar da própria saúde, da saúde da família, do trabalho e a acalmar a mente que esteve no 220 nos últimos longos e assombrosos meses.

Uma coisa prometo, eu sempre vou continuar tentando, mesmo depois de falhar. Não desista de você, dos seus sonhos e dos seus planos … isso vai passar e vai passar por causa de pessoas como eu e você. Fiquem bem e conte com o Raprosando para trazer alegria e conteúdo para vocês. Um grande abraço virtual bem apertado.

2020, o ano que não saiu ileso
(créditos da imagem: Marcella Montanari)

Que 2021 seja mais leve, com muita saúde, amor, paz e muitas realizações que ficaram pendentes.

Marcella Montanari

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Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.

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