(Divulgação: Anne With An E | Netflix)
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3ª TEMPORADA DE ANNE WITH AN E | CRÍTICA

Uma das despedidas mais doloridas que a Netflix já nos proporcionou até o momento. A 3ª temporada de Anne With An E nos obriga a dar adeus a arcos inacabadas e a uma atmosfera mágica, de uma história baseada em livros que foram escritos há mais de 100 anos e que debatem assuntos relevantes e pertinentes até os dias atuais.

Anne (Amybeth McNulty) nos conquista desde o primeiro momento. Suas indagações fora da época e sua incontestável habilidade de sonhar em meio a uma imaginação significativa, nos conforta e nos sacode fora da tela, nos fazendo questionar os nossos papéis em meio a nossa realidade. Uma menina lírica e visionária que sem medo de tirar os pés do chão, nos inspira a fazer o mesmo e a questionar tudo a nossa volta.

Desde a primeira temporada, a criadora Moira Walley-Beckett, apostou em suas ideias para adaptar os romances de Lucy Maud Montgomery, e sem medo abordou questões que ainda lutamos para tirar das sombras e colocar em pauta. Temas relevantes como racismo, feminismo, direitos humanos, padrões de beleza, história indígena, preconceito, assédio sexual, direitos LGBTQI+, aceitação, censura, representatividade, entre tantos outros são recorrentes na narrativa da série.

(Divulgação: Anne With An E | Netflix)

A 3ª temporada de Anne With An E consegue fechar um ciclo aceitável para os protagonistas, mas deixa várias histórias secundárias sem destino, como o caso de Ka’kwet (Kiawenti:io Tarbell) e sua família. Em meio a um mundo de privilégios brancos, retratar histórias e personagens como os da tribo Mi’kmaq e da família de Sebastian (Dalmar Abuzeid), trazem valor e representatividade para a narrativa. Escancarar o histórico de maldades existentes que tanto provocaram para essas pessoas e que até os dias de hoje, muitos as negam e as tanto prejudicam.

É prazeroso ver como a série consegue apresentar uma narrativa que flui entre uma áurea lúdica para questões meritórias. A emancipação feminina das personagens na 3ª temporada de Anne With An E, chega com a pressão do patriarcado que explana desde cedo a elas como o mundo é na realidade: construído por e para homens. Talvez este seja até mesmo um dos maiores triunfos da série, apresentar uma jovem mulher que entendeu precocemente que é preciso lutar para ser ouvida e que não aceitará o papel no qual a sociedade acredita que ela deva pertencer.

Anne, assim como a senhorita Stacy e Prissy Andrews são vistas quase como seres abomináveis por fazerem exatamente a mesma coisa que um homem faria, tendo o comportamento deles sendo considerado normal ou aceitável. Os tempos mudaram, mas nem tanto, não é mesmo? Por isso tão importante e urgente a sororidade crescente entre as personagens, derrubando a competição entre mulheres e nos agraciando com o sentimento de irmandade, apoio e união.

(Divulgação: Anne With An E | Netflix)

A história resiliente de Anne que vivencia o encontro cruel com as próprias origens e a ausência de importantes respostas nos lembra que nem sempre podemos ser salvos das próprias fantasias que criamos, mas que podemos superar as adversidades e encontrar nossos próprios caminhos em meio as incertezas da vida, que no fim, pode-se apresentar surpreendente.

A criadora Moira Walley-Beckett, já alertava os fãs desde 2018 que a série precisava aumentar seu público, mas infelizmente os avisos não foram o suficiente para salvar o show que ainda tinha muito para nos deslumbrar. Toda a comoção entorno do cancelamento após a 3ª temporada de Anne With An E, é proporcional ao sentimentalismo que a série entrega, mas infelizmente tardio. Muitos fãs seguem com campanhas na tentativa de reverter a situação, inclusive pagando por painéis publicitários para divulgar a série e os temas abordados na série.

A menina ruiva de Green Gables cresceu e nos despertou do pesadelo que é não saber como é se sentir vivo. Anne pedia por mais tempo em tela para nos ensinar mais sobre a vida, mas suas histórias cheias de significados serão eternas.

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NOTA:

TRAILER:

Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.

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