CAPITÃ MARVEL | A HEROÍNA MAIS PODEROSA DA MARVEL
Após um final um tanto quanto difícil de assistir em Vingadores: Guerra Infinita, a expectativa para Capitã Marvel aumentou de maneira desesperadora, inclusive com o MCU prometendo aos fãs uma heroína como eles jamais haviam apresentado até então em seu universo cinematográfico, sendo o primeiro filme da Marvel Studios a ser protagonizado por uma mulher.
Para os que acompanham os quadrinhos, sabe-se que muitas pessoas já utilizaram o codinome “Capitã Marvel”, assim como diferentes uniformes e viveram narrativas um tanto quanto polêmicas em sua trajetória perturbada. Levaram-se muitos anos até que a Marvel conseguisse acertar a mão com o rumo que a personagem tomaria. O longa nos traz a história de Carol Danvers (Brie Larson) como protagonista da história. Esqueça Ms.Marvel, Binária ou Warbird, o roteiro é baseada nas versões assinadas por Kelly Sue DeConnick. Acompanhamos uma sarcástica, ácida e bem-humorada Carol Danvers, que desde o início demonstra muita coragem em seguir em frente, independentemente das dificuldades.
O filme se arrasta muito nos dois primeiros atos e mostra uma mudança incrível no terceiro, o que o negativa em certos pontos. O filme precisava ser de origem, afinal, não seria coerente simplesmente incluir a personagem em Vingadores: Ultimato sem conhecermos a trajetória de Carol Danvers e a importância que seu papel teria na trama a seguir. A Marvel tem trabalhado neste roteiro desde meados de 2013, e infelizmente não fizeram o filme anteriormente para nos apresentar a personagem, o que tornou a estreia do longa responsável por responder muitas questões de uma vez só e amarrar diferentes pontas para pouco tempo de exibição antes de assistirmos o retorno dos Vingadores.
Compreendemos que Danvers tem um relacionamento difícil com o pai, mas não temos uma explanação muito clara sobre seus familiares, a não ser pela melhor amiga, Maria Rambeau e a filha dela, Mônica Rambeau, que sem entendermos a razão, acabam se tornando sua família. Muito foco na pequena e esperta Mônica Rambeau, os que já conhecem o universo da Capitã Marvel, sabem que a própria já utilizou o mesmo codinome anos atrás, tendo sido conhecida também como Photon, Pulsar e atualmente, Spectrum. Há grandes possibilidades de revermos ela em um futuro não muito distante. Se levarmos em consideração a cronologia da história, Mônica estará bem mais velha quando Danvers retorna à Terra.
Capitã Marvel também nos traz uma aproximação diferente de Nick Fury (Samuel L. Jackson), e uma versão diferente da que estamos acostumados a assistir. Dois olhos intactos, nenhum conhecimento sobre vida alienígena e tão pouco o agente pensava nos Vingadores. É necessário ressaltar o surpreendente processo de rejuvenescimento digital que fizeram em Samuel L. Jackson. – UAU!
Um dos saldos negativos do filme fica na conta das cenas de ação, que não empolgam como era esperado, com exceção das cenas presentes no terceiro ato, que firmam grandes expectativas para as surpresas que estão por vir em Vingadores: Ultimato. Inclusive, a primeira cena pós-crédito de Capitã Marvel é digna de um leve chilique.
A trilha sonora está maravilhosa para os apreciadores dos hits do final dos anos 80 e início dos 90, sem esquecermos de mencionar que a maior parte da trilha é composta por bandas ou vocalistas mulheres.
A FORTALEZA DE CAPITÃ MARVEL ESTÁ EM SEUS DISCURSOS DE REPRESENTATIVIDADE
Esqueça o foco constante nos corpos das mulheres e na tentativa de objetifica-los, Capitã Marvel deixa essa questão de lado e mostra uma personagem corajosa, que não teme cometer falhas e está sempre se levantando após os tombos da vida. Inclusive, a personagem se liberta de tudo que a atrasa quando se recorda de ser humana, ou seja, está no seu DNA fracassar e levantar para continuar lutando. O supérfluo é deixado de lado, nada de maquiagens, saltos, decotes e cabelos perfeitos, o foco de Danvers é ser boa naquilo que deseja, não no que esperam dela. Não podemos deixar de mencionar a surpresa do filme. Quem seria o tão esperado Mar-Vell? Annette Bening! YEEEEEEEEES!
Muitas pessoas não esperavam por essa, já que nos quadrinhos, Mar-Vell é um personagem masculino, mas foi adaptado para uma versão feminina no longa. Mar-Vell migra para o planeta Terra como Dra. Wendy Lawson, a fim de encontrar um meio de pôr um fim à guerra entre os povos Kree e Skrull, enquanto atua na Força Aérea dos EUA, onde conhece a Capitã Marvel, tendo ficado conhecida na época como Carol “Avenger” Danvers – daí a origem do nome VINGADORES. Mar-Vell se torna uma espécie de mentora para as amigas, Danvers e Rambeau, tendo sido a pessoa que deu a elas o que precisavam, a oportunidade para mostrar a capacidade que tinham. Annette Bening também assume o papel de Inteligência Suprema do povo Kree, ou pelo menos na versão projetada para a Capitã Marvel.
O FILME EXPLORA A EXPERIÊNCIA FEMININA E LEVANTA DEBATE
Homens, entendam, há muitos anos vocês já estão acostumados a se auto-projetar em personagens masculinos, em diferentes gêneros de filme. O longa tem sim seus defeitos, mas para as mulheres ele tem uma força maior, porque ver uma mulher assumir o protagonismo de um filme dessa dimensão é incrível, e inédito no Universo Marvel e não deveria esse ponto como discussão ou tentativa de menosprezo. É egoísta demais se incomodar com uma situação que os tira do protagonismo. Surpresa, surpresa: é assim que nos sentimos na maior parte do tempo.
As falas entre Brie Larson (Capitã Marvel) e Jude Law (Yon-Rogg) logo no início do filme, são situações que muitas mulheres são obrigadas a ouvir com frequência, além de terem suas capacidades postas em jogo: “você é muito emotiva”, “você precisa controlar suas emoções” – JOGUE a primeira pedra a mulher que nunca teve suas capacidades questionadas pelo simples fato de ser mulher e teve seu lado emocional usado como gatilho para o machismo.
Você tem todo o direito do mundo de gostar ou não do filme, mas utilizar a imagem feminina como crítica, não é opinião, é preconceito e machismo mesmo.
QUAL O GRANDE PROBLEMA DE CAPITÃ MARVEL ENTÃO?
Acompanhamos toda a evolução do universo cinematográfico da Marvel nos últimos anos, e alcançamos um nível de qualidade que não se espera menos do que um produto de tirar o fôlego. Há muito tempo os filmes do MCU deixaram de ser apenas filmes de heróis para a maioria, ao comprar o ingresso, compra-se entretenimento e experiência, algo que já estamos acostumados a receber; Capitã Marvel entrega, mas não no nível esperado. Sem dúvidas, os próximos filmes carregam uma grande responsabilidade de arredondar ainda mais as narrativas, mas era necessário enfrentar esse primeiro momento para construir a nova fase em que os Vingadores estão entrando. A diferença é que muitas pessoas estão utilizando as críticas pontuais do filme, para vomitar preconceitos e machismos em cima da primeira heroína a protagonizar um filme da Marvel Studios. Um fato é certo, Capitã Marvel ainda vai dar MUITO o que falar.
Capitã Marvel arrecadou cerca de R$ 27,6 milhões no Brasil e US$ 760 milhões na bilheteria mundial. O longa é dirigido por Anna Boden e Ryan Fleck.
mais alto, mais longe e mais rápido, baby.
NOTA:
TRAILER:
Marcella Montanari
Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.