(Divulgação: 13 Reasons Why | Netflix)
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4ª TEMPORADA DE 13 REASONS WHY | CRÍTICA

Na esperança de ver um desfecho melhor, a 4ª temporada de 13 Reasons Why parece ter ficado ainda mais perdida em sua continuação sem o suporte do livro, com personagens que se arrastam em uma narrativa tóxica, pesada, e sem de fato, uma contribuição positiva para justificar sua existência.

O livro de Jay Asher conta a história trágica de Hannah Baker, que por diversas razões pautadas por ela em forma de fitas cassetes gravadas, encerra a própria vida. A série de Brian Yorkey tentou, por diversas vezes, trazer uma discussão importante sobre saúde mental e os riscos que a falta de cuidado e atenção à distúrbios mentais causam, mas falhou, miseravelmente.

Um seriado que poderia ter se tornado o percursor de um discurso evitado pela sociedade, acaba não levantando tratamentos adequados para os personagens que são vítimas dos próprios demônios, pelo contrário, encaminhando-os sempre para soluções trágicas e nenhum pouco saudáveis. Na 4ª temporada de 13 Reasons Why, os adolescentes continuam se distanciando de ajudas profissionais, dos adultos e encobrindo mentiras, atrás de mentiras.

A ignorância é um dos maiores fatores responsáveis por mortes no mundo, em diferentes áreas da saúde. A falta de conhecimento, informação e empatia, são capazes de levar uma pessoa à linha final da vida. É impossível que uma pessoa que sofra com algum tipo de distúrbio mental leve uma vida saudável sem a ajuda apropriada. Familiares e amigos são excelentes suportes nesta jornada, mas não são os responsáveis de uma melhora do quadro.

Elenco de 13 Reasons Why na 4ª temporada
(Divulgação: 13 Reasons Why | Netflix)

Um dos maiores dilemas enfrentados por quem sofre com uma dessas doenças, é a falta de compreensão e informação do outro. Ninguém escolhe passar por sentimentos confusos e doloridos que alimentam um buraco no peito que a cada dia que passa, parece consumir sua existência, tirando a alegria e o propósito da vida. Existe uma saída, e ela não precisa sempre ser trágica. Não, a vida não é feita de flores, não, não estamos ignorando a existência da gravidade destes problemas, mas quando se desenha conteúdo para uma geração jovem, é preciso saber se comunicar, a fim de não criar maus estímulos a ela.

A quantidade absurda de mortes na série chega a ser sufocante, até mesmo para o público não direcionado e não diminui o fluxo na 4ª temporada. Os problemas parecem nunca ter fim ou solução, mas foram deixados de lado por um instante para que houvesse um ponto final na Netflix.

Seguimos acompanhando a rotina de Clay Jensen (Dylan Minnette), que é diagnosticado com depressão e transtorno de ansiedade, mas tem uma má exploração de suas condições patológicas. As cicatrizes e os traumas de uma pessoa, podem se tornar uma força motriz, mas não devem ser romantizadas. Ninguém deveria ser destruído(a) em vários pedaços para uma melhor construção de si mesmo(a). Existe uma correlação muito grave na série em justificar o absurdo, onde todos são facilmente corrompidos.

Sem propor soluções saudáveis, a 4ª temporada de 13 Reasons Why termina com desculpas e a normalização da barbaridade dos inúmeros problemas que criou em sua trajetória e não conseguiu resolver. Tratar sobre suicídio, depressão, ansiedade, bullying, estupro, machismo, misoginia, homossexualidade, drogas, sexo, overdose, automutilação, entre tantos outros temas abordados na série, demandam cautela e muito estudo, principalmente quando tal tema, é voltado para um público em construção social. Se nós, adultos, ainda sofremos com esta questão, o que dirá quem, agora, inicia alguns dos maiores dramas da vida? No período em que passamos uma de nossas maiores transições, o que menos precisamos é de um impulso para cometer erros irreparáveis, ou pior, minimizá-los, como se na vida real, fosse fácil apagar equívocos e ter um final feliz depois do colegial.

Os avisos nos inícios dos episódios não são o suficiente para deixar explícito o quanto a série é prejudicial para alguém que pode estar enfrentando algum problema psicológico sem se dar conta, ou mesmo para aqueles que não estejam.

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NOTA:

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Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.

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