Comportamento,  Desabafo

COMO SEGUIR EM FRENTE?

A gente não é pó, mas se desvanece como se fosse. Preenchidos de amor e que em um breve piscar de olhos acaba. Acaba, entende? Todo o amor vira saudade, que vira memória, até que viramos nada no dia seguinte. Não valemos nada além de um recomeço dolorido pra alguns e rápido pra outros. É indiferente. Não valemos nada, além do cifrão que nos cabe como extermínio de mais um objeto morto. Seguir em frente sempre vai me parecer frio. Olho para os lados e vejo sorrisos enquanto meu coração sangra. A cada despedida, um pedaço de mim vira tecido morto, putrifica.

Já morri muitas vezes em corpos que não eram meus. Já sofri dores de doenças, acidentes e traumas que não foram meus. Já passei pela incompreensão tantas vezes que eu me pergunto do que diabos as pessoas são feitas para serem tão frias a ponto de soarem indiferentes. Não nasci preparada pra ser comum, pra sentir pouco, pra viver no raso. Eu sou intensa. Amo com tanta intensidade que me afogo na imensidão que me jogo. Mas por ironia, o ar só me falta mesmo quando estou no raso, com pessoas vazias, com gente que fala até breve e no outro dia está tudo bem.

O choro sangrado de um peito aberto em meio ao inevitável. Há muito tempo eu perdi o amor pela vida porque vivo com medo. Não sinto vontade de viver sabendo que no dia de amanhã eu posso perder mais um ser vivo que amo. A vida ainda é um desafio pra minha compreensão. A perda é inevitável, eu sei, mas ela me assombra desde sempre. Despedidas me dilaceram e o tempo passa, mas a dor não ameniza. O tempo passa, mas eu não consigo me desligar, fazer o luto ou o que quer que seja. A vida é curta e são poucos os seres que cruzam o nosso caminho que nos promove amor e luz, por isso aceitar um adeus é impossível. Pessoas intensas sabem reconhecer o amor que lhes é dado.

Pessoas intensas sabem que estes seres são raros. Não espero que você entenda a minha intensidade, as dores das minhas faltas e ausências que me liquidam um pouco a cada dia, só peço respeito pelo meu sentir. Podar a minha dor com palavras bonitas nunca funcionou, muito menos a comparar com outros ‘sentir’. A vida é curta e sofrida, mas às vezes nos deparamos com estes seres raros, que iluminam a escuridão que nos ronda na caminhada. Se apegue, mas se prepare para virar ruína quando por algum motivo, partirem antes de você. Como seguir em frente? Talvez eu nunca saiba.

Em memória da minha querida, agora estrela, Mel. (11/11/2005 ⭐ | 24/02/2020 ✝)
Obrigada pelos 15 anos de amor e alegria que você nos trouxe. Descanse em paz. Te vejo do outro lado.

Como seguir em frente?

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Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.

2 Comments

  • Larissa Fernandes

    Lindo texto minha querida, eu lendo aqui,me senti quando perdi o meu Bumerzinho no ano passado. Até hoje eu não aceito a perda dele. Mas peço a Deus todos os dias para que me acalme e que o espirito dele esteja bem. Espero no fundo do meu coração que sua dor seja amenizada, pois a Mel sempre estará em nossos corações.
    Beijos prima

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