(Divulgação: Olhos que Condenam | Netflix)
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Olhos que Condenam | Crítica

Um crime sangrento marcou a história da cidade de Nova York em abril de 1989, e após esse ocorrido, o Central Park nunca mais seria o mesmo. A minissérie Olhos que Condenam, é baseada na história de cinco jovens negros que foram condenados por um estupro que não cometeram.

A cineasta Ava Duvernay, responsável pela criação da série da Netflix, além de tê-la co-escrito e dirigido, nos mostra uma outra face do sistema judicial americano e coloca em pauta muito mais do que erros profissionais, ela esfrega na tela toda a destruição que a intolerância e o racismo causam às vítimas da imbecilidade humana.

Nomes de peso estão por trás da minissérie. Ava Duvernay, Jeff Skoll, Jonathan King, Oprah Winfrey, Jane Rosenthal, Berry Welsh e Robert De Niro são os produtores da série. Além de Duvernay, Attica Locke, Robin Swicord e Michael Starrbury também atuam como escritores.

Olhos que condenam é aquele despertar para uma realidade que muitos ainda negam
(Divulgação: Olhos que Condenam | Netflix)

A minissérie de quatro episódios nos apresenta a história do caso Central Park Five (Os cinco do Central Parque). Raymond Santana (Marquis Rodriguez/Freddy Miyares), Antron McCray (Caleel Harris/Jovan Adepo), Yusef Salaam (Ethan Herisse/Chris Chalk), Kevin Richardson (Asante Blackk/Justin Cunningham) e Korey Wise (Jharrel Jerome) são condenados injustamente pelo estupro de Trisha Meili, uma mulher branca, de 28 anos que saiu para uma corrida no Central Parque na noite de 19 de abril de 1989.

A jovem foi vítima de estupro e outros tipos de violências que quase lhe custaram a vida, deixando-a vários dias em coma e com sequelas após aquela noite, da qual não se recorda. Os jovens de Harlem (bairro de NY), que frequentavam o Central Parque naquela noite, foram de garotos livres, para criminosos detidos, onde enfrentaram mais de 24 horas de interrogatórios e confissões coercitivas.

A procuradora Linda Fairstein (Felicity Huffman) foi a responsável por arquitetar o caso sem provas, à base de ameaças, intimidações, relatórios inconsistentes e falhas de acusação, condenando os cinco a crescerem longe de suas famílias, atrás das grades.

A série também não perdoa o circo e o discurso de ódio propagado por Donald Trump na época. O atual presidente dos EUA colocou a segurança dos garotos em risco, ao publicar anúncios de página inteira nos jornais da cidade, pedindo a pena de morte para os suspeitos.

Ava quer que as pessoas conheçam a história que não foi contada anteriormente

‘Olhos que condenam’ vai despertar sua repulsa, indignação, seu senso de justiça, ao mesmo tempo que faz com que você questione o seu papel na sociedade. Esta é apenas um exemplo de muitas histórias que acontecem diariamente contra a comunidade negra pelo mundo.

Durante o ‘Oprah Winfrey Presents: When They See Us Now’, Ava DuVernay questiona as pessoas que assistiram a minissérie, sobre o que elas vão fazer agora que sabem sobre essa história que talvez elas não soubessem antes. O que elas vão fazer sobre tudo isso? A showrunner também se pronuncia dizendo que o sistema judiciário dos EUA não está quebrado, mas que ele foi construído para ser desta forma.

“Imagine acreditar que o mundo não se importa com histórias reais de pessoas negras. Isso sempre fez com que eu me sentisse triste. Então, quando a Netflix compartilhou comigo que mais de 23 milhões de contas ao redor do mundo haviam assistido #OlhosQueCondenam, eu chorei. Nossas histórias importam e podem mover através do globo. Uma nova verdade para um novo dia.”

Ava Duvernay (25 de junho de 2019) via Twitter.

Não somos os cinco. Somos Raymond, Antron, Yusef, Kevin e Korey!

Não há palavras que descrevam a força e a importância do elenco como um todo. Todos os atores que fazem a versão tanto jovem, quanto adulta se entregam por completo ao papel e as dores de interpretar aquela história.

É preciso destacarmos a atuação extraordinária de Jharrel Jerome, responsável por dar vida a Korey Wise, que diferentemente dos demais jovens, foi encaminhado diretamente a uma prisão para adultos.

O próprio Korey Wise afirma que nunca houve os CINCO do Central Park, foram QUATRO mais UM. Todos os demais do grupo, concordam com a afirmação na vida real, pois eles mantêm a consciência de que Korey passou por uma experiência ainda mais traumática que eles, ao ser encaminhado para uma penitenciária de adultos, quando tinha apenas 16 anos e ter permanecido mais tempo encarcerado.

Jhareel Jerome nos faz sentir claustrofóbicos dentro de nós mesmos, com uma ânsia de liberdade por Korey enquanto lentamente nos vemos definhar na solitária junto com o personagem. Quando a memória nos transcende que tudo aquilo de fato aconteceu, é como se nos mortificasse ainda mais assistindo a experiência, fazendo-nos questionar o grau de perversidade que o ser humano é capaz de chegar quando tomado pela própria ganância de provar uma superioridade que não existe. O ator é o único a interpretar ambas versões, jovem e adulta do mesmo personagem. Bravo Jhareel. Bravo.

‘Olhos que Condenam’ também nos comove com o desespero das famílias, no anseio de provar mais do que a inocência de seus filhos, mas também os valores familiares. Dói ter que engolir a aspereza de que a sinceridade não basta, e a honestidade é questionada pela cor da pele. Niecy Nash retrata isso muito bem no papel de Delores Wise.

Ava também aborda a forma como a família se mantém encarcerada aos cinco jovens.

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NOTA:

TRAILER:

Uma jornalista um tanto quanto nerd, apaixonada por conteúdo, música, filmes, séries e afins. Fundou o blog para dividir as alegrias e as angústias de uma vida que surpreende a cada novo capítulo.

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